O mundo ainda prospera à base dos interesses próprios, e o marketing trabalha conceitos e imagens que não condizem com o contexto real. As guerras continuam, as pessoas ainda acham que status e consumo desenfreado são metas necessárias e pequenas mudanças tentam eclodir de todos os cantos, quando menos esperamos. Quase calada assisto a tudo, quero ouvir vozes que suscitem em mim algo que julgava extinto, mas tudo trafega sombrio ou improvável demais.
“Não
é guerra santa, nem rebelião inquisidora,
São
fatos póstumos vivos num recuo do tempo.As épocas e os personagens se cruzam, numa vã peregrinação
para reinarem numa apoteose mítica. Somos filhos devotos
da ficção. Histórica. Intelectualizada. Idealizada. Tapamos
as brechas com cal e cimento. O toque final cabe aos
arquitetos que alicerçam a base de nossa civilização.
Numa nau redecorada e fria, empilhamos cartas ou posicionamos
as peças no tabuleiro. A plateia é o coro que murmura
em passadas largas o intrincado dilema da moral e dos bons
costumes. Frágil e degradante como nosso caráter
tentando favorecer-nos, em porcas misérias alheias; repique
maciço num farfalhar à escuridão (...)"
trecho da poesia Ao longo da História extraída do livro Escolhas - versos de Priscila Bezerra